Em Curitiba, a angústia de muitas famílias se soma ao desafio enfrentado por farmácias em todo o país: a escassez de medicamentos oncológicos pediátricos, como o de tarja violeta, tem gerado apreensão entre pais e responsáveis de crianças em tratamento contra o câncer. O cenário, já sensível por natureza, torna-se ainda mais complexo diante da dificuldade em encontrar um dos principais remédios utilizados na quimioterapia infantil.
O medicamento em questão é essencial para o tratamento de diversos tipos de câncer em crianças. Em situações como a leucemia linfoblástica aguda, sua administração pode ser determinante para o sucesso terapêutico e a remissão da doença. Sua ausência compromete cronogramas médicos, atrasando tratamentos e ampliando riscos.
Farmácias da capital paranaense têm se desdobrado para atender à demanda. Enquanto algumas ainda conseguem manter o produto em estoque, outras enfrentam atrasos nas entregas por parte dos distribuidores. A situação varia de bairro para bairro, mas o fato é que encontrar o remédio exige esforço, paciência e, muitas vezes, sorte.
A busca pelo medicamento tornou-se uma maratona emocional para os responsáveis. Relatos de pais que percorrem dezenas de farmácias em um único dia se multiplicam, assim como os pedidos de ajuda em redes sociais. Muitos relatam o sentimento de impotência ao não conseguir garantir a continuidade do tratamento de seus filhos.
Profissionais de farmácia relatam que o controle de distribuição é rigoroso, com a venda sendo feita apenas mediante apresentação de receita médica específica e documentação apropriada. A medida, embora necessária para coibir uso indevido, também pode se tornar mais um obstáculo em momentos de urgência.
Além da escassez, o custo do medicamento também é uma preocupação. Mesmo com políticas públicas de fornecimento, muitas famílias precisam recorrer à compra direta em farmácias quando enfrentam atrasos ou falta de estoque em hospitais públicos. Os valores podem ultrapassar o orçamento mensal de muitas casas.
A rede de solidariedade, no entanto, mostra sua força em momentos como este. Grupos comunitários, organizações não governamentais e até vizinhos têm colaborado com informações sobre onde o medicamento foi visto pela última vez, emprestando ou doando unidades que ainda não foram utilizadas.
Diante desse quadro, ganha relevância o debate sobre políticas públicas de abastecimento, planejamento logístico e atenção especial às necessidades da oncologia pediátrica. O remédio é mais que um frasco com substância ativa: é símbolo de vida, de luta e de esperança para centenas de famílias que enfrentam diariamente a batalha contra o câncer infantil.