A capital paranaense amanheceu com uma mudança significativa na malha do transporte coletivo: quatro estações-tubo foram desativadas, encerrando suas atividades e alterando trajetos de diversas linhas. A medida, segundo a administração municipal, visa modernizar e reestruturar o sistema de transporte, mas não demorou para gerar reações contrárias entre usuários e trabalhadores do setor.

As estações-tubo desativadas — localizadas nos bairros Cajuru, Cristo Rei e Hugo Lange — já não recebiam o mesmo fluxo de passageiros de décadas atrás. No entanto, para os moradores das regiões atendidas, a decisão representa uma perda na mobilidade urbana e no acesso rápido ao transporte público de qualidade. Muitas dessas estruturas são símbolos do sistema expresso de ônibus que há tempos coloca Curitiba como referência nacional e internacional em transporte coletivo.

A prefeitura afirma que a desativação está inserida em um processo de readequação do modelo atual. Linhas foram realocadas e replanejadas para seguir atendendo os passageiros, ainda que agora com novos pontos de parada ou integração em outras estações. Apesar disso, os relatos de confusão e insatisfação não tardaram: passageiros relataram filas maiores, maior tempo de deslocamento e a ausência de informações claras nos primeiros dias da mudança.

Trabalhadores do setor também demonstraram preocupação. A extinção das estações pode significar, na prática, o fechamento de postos de trabalho, especialmente para os profissionais que atuavam diretamente nas estruturas agora desativadas. Ainda que não haja um anúncio oficial de demissões, o receio circula entre cobradores e seguranças, que temem a diminuição progressiva de suas funções.

Moradores e associações de bairro têm se mobilizado para solicitar explicações mais detalhadas e alternativas que garantam a manutenção do acesso eficiente ao sistema de ônibus. Em alguns locais, como na estação-tubo da Rua XV de Novembro, os comerciantes já sentem o impacto da diminuição do fluxo de pedestres.

A decisão de desativar as estruturas reacende o debate sobre os rumos do transporte coletivo em Curitiba. Reconhecido por seu modelo de integração e corredores exclusivos, o sistema passa por um momento de transformação que exige equilíbrio entre inovação e preservação da qualidade no serviço. A promessa de investimentos em novas tecnologias e veículos elétricos esbarra, porém, na necessidade de manter a capilaridade da rede, especialmente para os que vivem fora do eixo central da cidade.

Enquanto o futuro do transporte se desenha com projetos e planos, o presente da população curitibana exige respostas práticas: menos tempo de espera, mais conforto e rotas que façam sentido. A desativação das estações-tubo não é apenas uma mudança de itinerário — é um sinal de que a cidade está em transição, e que o desafio agora é garantir que todos embarquem juntos nesse novo caminho.

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