Problemas comuns da boca são agravados e modificados pelo estado geral de saúde dessas pessoas

Faz parte do grupo de pacientes com necessidades especiais na odontologia aquelas pessoas que tem alguma doença ou situação clínica que necessitem um atendimento odontológico diferenciado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% da população mundial é portadora de algum tipo de deficiência, sendo que a maioria desses indivíduos está em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e apenas 2% dessas pessoas recebem atendimento adequado voltado para as suas necessidades.

Pacientes especiais

Existem inúmeras diferenças no trato de um paciente com algum problema de saúde, tanto na abordagem comportamental, como na questão de medidas preventivas para evitar complicações. Pacientes especiais apresentam os mesmos problemas bucais de pessoas não afetadas, por exemplo, por autismo ou Síndrome de Down. O que acontece é que muitas vezes esses problemas comuns da boca são agravados e modificados pelo estado geral de saúde dessas pessoas.

“Indivíduos que fizeram tratamentos com radiação na região da cabeça e pescoço podem ter cáries muito mais agressivas quando comparadas às cáries de pessoas não irradiadas; pessoas receptoras de órgãos podem ter crescimento anormal dos tecidos das gengivas por conta de medicamentos e assim por diante”, diz a odontopediatra Allana Guimarães,staff da Clínica Dra Walmira, no Leblon.

De acordo com a especialista, os pacientes considerados especiais são “aqueles que possuem distúrbios neuro-psico-motores, como portadores os portadores de paralisia cerebral, retardo mental, autismo, pacientes com doenças ou condições sistêmicas crônicas, como insuficiência renal crônica, diabetes, cardiopatias, coagulopatias e transplantados, além de pacientes com doenças infecto contagiosas, como HIV e hepatite C”, explica.

De acordo com Allana Guimarães, esses pacientes estão em uma condição ou com uma doença que obriga o profissional a modificar seu manejo clínico ou antecipar possíveis complicações relacionadas a eles. “Para isso, é necessário uma capacitação maior como o profissional fazer cursos de especialização com uma série de informações e vivências práticas que permitem que ele se sinta mais seguro e preparado para o atendimento de pacientes especiais complexos” esclarece a dentista.

 Ainda não é tão comum encontrar profissionais especializados” ressalta  Allana. Ela explica as diferenças no atendimento: “A consulta é bem maior fora da cadeira e mais breve nela. Precisamos estabelecer uma relação de confiança para que eu possa chegar ao paciente. Isso é criado antes de qualquer procedimento. Tem paciente que, se eu não cantar ‘Amor, I Love you’, da Marisa Monte, nem me deixa chegar perto. Outro, eu só posso atender ao meio-dia, porque gosta de assistir ao jornal”, conta.

É necessário também que se descubra do que o paciente gosta e como ele se comporta. Ainda de acordo com Allana Guimarães, a fórmula perfeita para atender cada um pode vir depois de muitas tentativas. “Muitas vezes, um boneco ou até itens como uma fronha podem trazer conforto. Se o interesse for por música ou desenhos, colocá-los durante o atendimento funciona bem. São recursos que estabelecem a confiança com o dentista” finaliza a especialista.

Sedar ou imobilizar a pessoa só são medidas tomadas diante da ineficiência dos outros métodos, e é preciso autorização formal dos responsáveis.

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