Técnica apelidada de “nova bariátrica” feita por endoscopia, não pode ser considerada uma cirurgia
Desde que começou a ser testada no Brasil, no ano passado, a gastroplastia endoscópica ganhou fama instantânea de “nova bariátrica”. Só que a técnica, que costura o estômago sem cortes para reduzir seu tamanho, ainda não foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) como tratamento contra a obesidade.
De acordo com o cirurgião bariátrico, Guilherme Cotta, da Rede D’or e Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica-RJ, o procedimento acabou sendo divulgado erroneamente como uma nova bariátrica, mas não é uma cirurgia e não substitui as técnicas convencionais de redução de estômago.
“É um procedimento que pode ser viável em pacientes que não tenham a indicação para realizar a cirurgia, por exemplo, pacientes com índice de massa corpórea menor que 35. Mesmo assim, o procedimento necessita ser aprovado e realizado por endoscopistas devidamente treinados e cientes dos riscos de complicações” afirma o médico.
A Universidade de São Paulo vem testando o método desde 2017, dessa vez em pessoas que já fizeram o bypass gástrico, uma das modalidades da cirurgia tradicional, e ganharam peso de novo.
“Ainda faltam estudos com acompanhamento a longo prazo para afirmar que pessoas que se submeteram ao by pass gástrico e engordaram depois, serão beneficiadas”, comenta o cirurgião Guilherme Cotta, que ainda alega ser preocupante ficarem divulgando esta técnica, ainda considerada experimental, que em mãos de pessoas treinadas pode vir a ser ( dependendo da qualidade do profissional) uma solução viável em pacientes do grau 1 ou com sobrepeso.
“Mas tudo depende ainda da comprovação da técnica, que por enquanto é vista como experimental, como tratamento para a obesidade leve e moderada. É a regulamentação do CFM que determinará onde se enquadra o novo tratamento. Enquanto isso, ele ainda não entra no rol de procedimentos do Sistema Único de Saúde e nem dos convênios. Por isso, apesar do equipamento já ser liberado para comercialização pela Anvisa, desde novembro, os médicos que realizarem o procedimento correm risco de sofrerem punições do CFM” alega o médico.
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